Dados publicados recentemente indicam que dois terços das PMEs ainda estão nas primeiras etapas no processo de entrada no mundo digital
Nos últimos tempos, a digitalização das pequenas e médias empresas passou a ser discutida por apresentar um número baixo. Um estudo, encomendado pela Cisco, feito pela IDC em 2020, incluiu o Brasil no 18º lugar no ranking de maturidade digital das PMEs. Os dados apontam que os pequenos empreendedores brasileiros não estão preparados para a transformação digital.
Outro levantamento foi coordenado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Publicada no último mês, a pesquisa revela que 66% das empresas estão nos níveis 1 e 2 de maturidade digital; 18% no nível 1 e 48% no nível 2, sendo consideradas analógicas e emergentes respectivamente. Já os outros 33% correspondem às etapas mais avançadas no processo de digitalização.
Um dos motivos dos números serem baixos é uma suposta resistência das PMEs em aderirem a esse processo. A falta de habilidade com essas tecnologias também é outro fator que determinou esses números.
Para 40% dos entrevistados da pesquisa feita pela ABDI / FGV, a falta de recursos financeiros é um grande obstáculo para ingressarem no mundo digital. A falta de habilidade com tecnologias e estratégias é considerado um problema para 25% dos empresários.
68,7% dessas empresas possuem internet banda larga, considerado um bom número. No entanto, 27,5% delas possuem páginas interativas; 19% coletam dados de seus clientes e 25,4% utilizam computação em nuvem. O último dado é considerado um baixo avanço, de acordo com os pesquisadores.
Mesmo assim, o cenário para os próximos anos é otimista.
Mudança de cenário
A pandemia de COVID-19, que assola o mundo desde março de 2020, mudou de certa forma esse paradigma. A pesquisa feita pela IDC também mostra que 96% dos empreendedores tornaram-se mais dependentes da tecnologia nesse período. Com o isolamento e o fechamento do comércio, muitos se viram obrigados a recorrer à internet para manter seus negócios, permitindo também que os empreendedores aprimorassem seu espírito competitivo.
Pedro Arthur Nogueira, diretor de marketing da VJam, vê essa mudança de uma maneira mais ampla, tendo atingido o mercado de uma forma geral. “Tivemos um aprendizado rápido por conta da pandemia. Vejo que há indústrias mais avançadas em comparação a outras, porém as PMEs não enxergaram como prioridade o digital, já as que tiveram essa visão estão se dando bem”.
Futuro
Ainda de acordo com a ABDI e a FGV, a maturidade digital é vista como algo custoso e complexo pelas PMEs. O objetivo da agência é mostrar que o ambiente digital evolui constantemente e que não é tão difícil quanto parece.
Igor Calvet, presidente da ABDI, acredita que as práticas e estratégias de pequenos negócios ainda são pouco estáveis. Adryelle Pedrosa, gerente da Unidade de Transformação Digital, afirma que a transformação digital é imprescindível às empresas. Além de ampliar os níveis de competitividade e produtividade, Pedro também acha fundamental que as empresas cresçam nesse ambiente. “Muitas empresas quebraram, outras cresceram e a principal diferença entre esses dois grupos é justamente o avanço no meio digital”, conclui.
Pensando nisso, a ABDI criou recentemente o Jornada Digital, uma iniciativa que oferece caminhos para que empresas possam crescer no ambiente digital. Usando adequadamente as ferramentas e tecnologias disponíveis, a pesquisa ainda aponta que 68% dos entrevistados mostram-se receptivos ao projeto. 130 PMEs irão participar do programa.
A pesquisa da IDC também prevê que soluções como tornar o trabalho remoto mais eficiente e a otimização de vendas online serão aplicadas pelos empreendedores nos próximos meses.
Iniciativas como essas são importantíssimas para que as PMEs possam se reinventar e manterem-se ativas. Não só em tempos de pandemia, mas também, de acordo com as evoluções tecnológicas.
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